Eu vivo fugindo destas linhas,
não por causa de você,
leitor(a) que não tem nada melhor pra fazer,
é por minha causa, que penso demais, que ajo de menos.
Que tenho medo do que estamos nos tornando.
Fujo, pois tenho tando para falar sobre minha perspectiva do cotidiano,
mas que vem carregada de imperfeições,
vícios,
dor,
lágrimas,
aparências,
preconceitos,
tristeza,
perdas,
e também, um pouco de amor.
Mas agora me bateu uma dúvida,
tenho medo daquilo que estamos nos tornando?
Ou daquilo que EU, me tornei?
Afinal, quem percebe a vida dessa maneira, sou eu!
Estaria me tornado eu um pessimista?
Não! Esse não sou eu.
Tenho (ou tinha?) sempre um sorriso nos lábios,
Tentava (tentava) enxergar o melhor da vida, do meu, e do cotidiano dos outros.
Não, não sou eu, esse pessimista!
O Pessimista, é esse estranho que me olha do espelho,
com um sorriso vacilante,
com rugas que mostram que ele já não é mais um garoto,
que o tempo passou.
Esse estranho com cicatrizes que revelam a dureza da vida,
e de algumas pessoas,
com lembranças de uma vida ainda querendo ser vivida,
com um olhar prescrutador,
me analisando do pés a cabeça,
meus movimentos,
me questionando se ele pode sair do espelho,
se ele pode sair das sombras,
apenas para depois falar:
"Eu disse, não é só pessimismo, estas pessoas estão cinzas, viciadas e chorosas, carregando mortos para onde vão, e matando com suas palavras, aquelas que encontram pelo caminho."
Eu sei que ele quer dizer isso,
seus olhos dizem isso pra mim,
eu também seu analisar.
Seu sorriso cínico não nega.
Mesmo agora,
quando não posso vê-lo no espelho,
eu sei.
É por isso que fujo, destas linhas miseráveis,
pois o Estranho está nelas,
o Pessimista da vida cotidiana se revela enquanto escreve (escrevo),
me confunde.
Então fujo.
Fujo desses momentos em que confundo fantasmas com gente viva.
Contudo, esse Estranho tão comum,
ainda enxerga um pouco de amor,
espero que ele veja isso,
daquele que o reflete.