Já estava acostumado com a rotina,
noites adentro em conversas interessantes, ou banais.
Ligações tarde da noite,
para falar da vida,
dos planos,
das preocupações,
dos problemas...
de tudo, ou de nada.
Ligações apenas para ficar em silêncio,
ouvindo a respiração.
Já estava acostumado com a rotina,
de esperar uma mensagem,
de falar de saudade,
dos encontros,
das mãos dadas,
das discussões,
dos ciúmes,
dos pedidos de desculpas, do fazer as pazes.
Já estava acostumado com a rotina.
do cheiro,
do sorriso,
da boca,
do calor do corpo,
das noites dormidas juntos,
do amanhecer ao lado,
das despedidas (acreditando que algum dia seria diferente).
Já estava acostumado com a rotina.
Já planejava uma rotina...
mas o que são planos?
Além de uma tentativa de acreditar que algo vai durar...?
Durar o tempo que queremos que dure!?
então planeja-se, sempre acreditando que haverá mais tempo...
mas aí, ele acaba.
E o que resta?
é o desacostumar-se da rotina e dos planos que ela traz,
o dia daquele show,
aquele aniversário,
aquela viagem,
um outro natal,
uma formatura,
o filme em casa...
e esses dias chegam (como hoje) e vão,
e ficam os pensamentos da ausência,
do "devia estar aqui",
daquele "aonde está você?"
Restam os planos.
Acoplados á vontade de que eles se realizassem e virassem rotina.
O pior de tudo isso, é que longe da rotina já não se consegue planejar.
Como se planeja com sonhos e lugares vazios?
Como se planeja quando as coisas estagnaram,
não porque caíram na rotina,
mas, porque simplesmente, não conseguiu se acostumar a ela e modificá-la?
Então, se tenta resgatar os planos deixados para traz,
antes de tudo acontecer.
Quando os planos ainda eram pensados sozinhos,
quando não tinha ninguém ocupando lugar algum.
Porém, é tão difícil voltar atrás,
as coisas mudam,
as pessoas mudam,
os planos vão,
a saudade fica,
busca-se outra rotina,
para quem sabe se acostumar a ela.
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