segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

tranquilidade

A vida estava tranquila,
muito tranquila,
tranquila por muito tempo.

Era bom pensar na vida sem responsabilidades,
sem controle dos corpos,
das idas e vindas, das saídas,
sem satisfações.
De certa forma confortável.

Usava-se sempre a desculpa de "não tem que acontecer",
"de não querer".
Até conseguia enganar alguns (outros vêem mais além do discurso),
mas nunca a si mesmo.

A vida era tranquila,
muito tranquila,
tranquila por muito tempo.
Mas quem disse que se enganava?
Quem disse que era completa?
Quem disse que era feliz?

até tentava transmitir tranquilidade.

Doce ilusão.
A ilusão de possuir o controle,
precisava do controle,
precisava de defesas.
Por que mexer em sentimentos a tanto abandonados, esquecidos?
Já havia aprendido a secar os olhos, e matar o coração.
Ou pelo menos tentava acreditar nisto.

Entretanto como em um efeito dominó,
as defesas caíram uma atrás da outra.
Tranquilidade,
Controle,
Conforto...
e tudo mudou.

Quando tudo caiu,
por um momento,
a poeira levantou sentimentos escondidos embaixo do tapete.
Sentimentos que por muito tempo,
não deu o direito da vida vive-los.

E a vida...
é feita de pequenos momentos,
daqueles detalhes que as vezes passam despercebidos,
mas que fazem toda a diferença.
porque o tempo é efêmero.
frenético.
Não combina com a tranquilidade.

tranquilidade que se foi,
porém que deixou muita coisa boa.
saudade. 

é quando fode tudo.

desejo!
a falta de algo que se perdeu!
sempre se está em busca do maldito desejo,
se torna refém dele,
desse vício frenético.

Por isso a falta,
a sensação de vazio,
a vontade de sempre estar por perto,
de saber como vai a vida?
se está tudo bem.

Por isso a busca pelo abraço, pelo olhar.
Não qualquer abraço,
nunca qualquer olhar.
Mas sim aqueles abraços e olhares,
que dizem tudo e nada ao mesmo tempo.
Que tiram da tranquilidade que se fingi ter,
e levam para um mundo conturbado,
sem explicação,
sem lógica,
sem controle,
e por quem não sem defesas...

Para uma tempestade,
onde é difícil segurar-se e manter um fogo aceso,
onde a única solução,
as vezes,
é apenas molhar-se.

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